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Inclusão digital através dos tablets

Desde que o iPad foi apresentado por Steve Jobs, eu o vi como um dispositivo que poderia fazer a diferença para milhões de pessoas. Não exatamante para mim, pois ainda não achei necessário entrar nesse mundo. E nem com aquele papo marqueteiro de “mágico e revolucionário”, já que os profissionais de mídia e publicidade são os mais adeptos à novidade. Mas sim, como uma ferramenta de inclusão digital.

De um modo geral, donos de iPad já tiveram algum contato com produtos da Apple, como Macs, iPhones ou iPods e conhecem a filosofia da fabricante, que une simplicidade, intuitividade e beleza. Junto ao grande público leigo, goste-se ou não do tablet, a percepção é que o dispositivo é um extra ao PC ou ao smartphone; ainda não vi nenhum formador de opinião atestar que o produto pode substituir tudo isso. No

Brasil não é muito diferente, com o agravante de se enxergá-lo como um brinquedo de luxo, voltado para pessoas mais preocupadas com status que produtividade.

Depois do período de 6 meses de “experimentação”, onde o iPad reinou sozinho com absoluto sucesso no mercado, outras fabricantes passaram a apostar no conceito. Uma imensa tela, sensível ao toque, rodando um sistema operacional móvel, que é bem mais fácil de usar que o dos PCs convencionais. A grande verdade é que a concorrência demorou a se mexer porque ela mesma não apostava no sucesso de uma nova e desconhecida categoria de produto. Durante todo o ano de 2010, o iPad provou que não é apenas uma febre: empresas e veículos de comunicação passaram a apostar na novidade, fornecendo aplicativos do iPhone adaptados à telona. E a demanda só cresce.

Há 2 públicos negligenciados, de imenso potencial e que podem se beneficiar com os tablets mais que qualquer outro: crianças e idosos.
Por menor e mais simples que um laptop ou netbook seja, ele roda um sistema operacional que dá mais trabalho que um sistema móvel. Boot longo, instalações complicadas, excesso de menus, alertas pop-up esquisitos, antivírus, antispyware, desfragmentação, limpeza de disco, etc etc etc. Vamos combinar: só nerd faz essas coisas e ainda sente prazer…

Já um tablet exige uma linha de aprendizado bastante enxuta, não se tornando empecilho para crianças, jovens e idosos. Eles podem se tornar uma ferramenta educacional valiosíssima, ainda mais numa época em que tudo que é digital colabora como motivador para o aprendizado. Para os idosos, uma maneira de manter contato com a família e amigos, além de uma ferramenta de leitura e pesquisa.
Um vídeo no YouTube ficou famoso, mostrando uma senhora de 99 anos, com visão limitada, interagindo com um iPad e mostrando como ele se tornou precioso:



No Brasil a história ganha novo contorno. Assim como nos demais países emergentes, o primeiro contato das pessoas com o mundo digital se dá através de plataformas móveis ao invés de fixas. O Brasil é um país geograficamente gigante e cheio de reveses topológicos. No momento, discute-se as novas medidas de inclusão da população à banda larga. Há alguns anos, os PCs e laptops ganharam incentivos fiscais que os tornaram mais baratos, ajudando a popularizá-los, mas atualmente, o que é um PC desconectado?

O tablet entra aqui como um curinga. Minimalista, simplificado, e ainda por cima pode acessar a internet por banda larga fixa (através do wifi) ou móvel (através da tecnologia 3G). Tecnicamente é perfeito para promover a inclusão digital, mas esbarra no preço. O “custo Brasil” envolve custos altos com pessoal, infraestrutura e até status, mas uma política renúncia fiscal ajudaria bastante.

A presidente Dilma mostrou que á fã dos tablets, e mostrou-se disposta a popularizar o dispositivo. Resultado: o governo já estuda maneiras de diminuir custos e promover a fabricação em território nacional. E o ministro Paulo Bernardo, que esteve na Campus Party, disse que a medida está sendo avaliada, e que definirá detalhes como configurações mínimas e o preço máximo — ressaltando que deverão ter acesso à internet. A intenção é classificá-los como PCs e aproveitar a isenção de 9,75% de IPI, PIS e Cofins garantida a desktops e notebooks no programa “Computador para Todos”.

Os fabricantes aprovam a discussão, e empresas como a Positivo Informática (que já se mostrou disposta a entrar nesse segmento) poderão criar tablets a preços mais acessíveis.
Agora é torcer para que a idéia decole. Mais do que um modismo ou mero bem de consumo, dispositivos móveis conectados hoje são sinônimo de conhecimento, informação e interação

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